quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Noite

Na noite tem:

crendices, insônia, bordel.

Na palavra:

inveja, punhal e as vezes amor fraternal.

Em mim:

mente, alma, depressão

uma ausência pontual

um pranto risonho

desejos e sonhos.

Só hoje te peço um sincero abraço.

Mãe e pai essa minha carência

é mesmo uma impertinência,

Se pelo menos vocês tivessem existido no meu longo caminho...

Se pelo menos eu tivesse tido aquele abraço e carinho...

 que tanto ouvi falar nos filmes, nos rádios e até pude observar com os filhos dos vizinhos...

talvez eu soubesse as vezes me acalmar um pouquinho.

Eu não os culpo por não amar,

mas já acreditei que o mundo não fosse meu lugar.

                             


Bastidores

                                      
Quando o céu desaba na nossa cabeça
há uma voz de medo no futuro,
há um tremor nas pernas quando se pensa no mundo.
Acontece de calar,
quando se tem tanto na garganta.
O corpo desanda,
os pés não levantam,
a cabeça embaraça.
Da vontade de receber um abraço,
de trocar de vida,
sair de cena,
fazer novena.
de repente... nem mais vontade dá,
só dos suspiros em nossas camas.

A outra parte

                                        
O pouco  que cabe num segundo pode ser um mundo
e o pouco de uma espera, pode ser uma trégua.
Não se morre sem ter vivido internas guerras!
A luz e as trevas,
se envolvem, se completam, se conectam, 
e se negam na mesma esfera.
Toda partida  pode ser um recomeço,
e toda recomeço pode ser possibilidades ou desesperos.
Todo retorno faz com que parte de algo vá e talvez nunca possa retornar.
todo lado tem seu avesso,
e nem por isso deixa de prestar.
a moeda que gira tem duas caras,
basta se conectar com o melhor lado pra usar.
nem tudo é tão belo que não possa assustar e
nem tudo é tão horrível que não possa nos ensinar.
são os dois lados que nos completa.
O sol e a lua que mesmo distintos, conseguem brilhar.



Cisnes

Encontro em você pedaços de um paraíso.
Aroma de flor tem os beijos que traz pra mim sorrindo.
Até dentro do Hades que tudo é cinza, 
você transforma em lindo lago cisnes.
Lírios não tem a mesma beleza
dos teus olhos que me fazem convites.
Voo com você e nas asas do teu amor me perco,
chego ao necessário dentro do seu aconchego.
Me solto, para ser eu mesma!
Sem códigos...
Sem rótulos ...
O amor,
nosso amor!                                                                   

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Deusa

                                                        

Deusa

 

Deparei-me com montanhas no meio do caminho

e percebi ser menor que elas,

e na estrada de pedras por um momento

senti-me uma delas.

Antes da alvorada chegar queria ocultar meu pensar

Trancar as portas, e com a vida, não mais lutar.

Deparei-me com o verde da mata,

me senti aliviada, deitei na paz e fui confortada.

A natureza me mostrava que não se pode perder tão facilmente uma batalha.

Tão bela, só mesmo uma mulher pode ser comparada a ela!

exibia-se com seu ciclo ininterrupto,exuberante e de raízes fortes, que mesmo sendo devastada persiste em renascer e dá  a sua vida aos outros que tem sede de ar pra viver,

Importante, mesmo antes de nascer. 

Deusa só por ser!

sabe-se lá, se nós mulheres, 

com esse jeitinho de ouvir nas entrelinhas, 

de escutar tocando na terra,

e insurgir os mandamentos da vida,

não sejamos dentre todas as flores, a filha mais perspicaz. 

capaz de sobreviver a selva de pedras,

e as más intenções dos que nos desejam paz!

 

 

Delírios


Alma embalsamada em rancores,
ciência que não decifra as piores dores,
filosofias pairam e enraízam-se
pontos tentam se ligar,
conexões que aproximam
e fazem distanciar...
E a certeza onde esta?
Certeza!
delírios que tentamos explicar,
em cada pouco do povo um tanto de louco,
passagem do subconsciente para labirintos.
A cada qual uma estrada,
e o nome na lápide é sempre a última parada,
descanso da tormentosa corrida de atletas,
fuga de uma jaula enferrujada,
cheia de moribundos.
Há sempre uma viúva que acabará de enterrar o marido,
e impregnada em tuas vestes com o cheiro do mistério da à luz um poeta.
Ahhhh...O poeta é filho do choro!
camaleão que tanto muda que às vezes esquece que já mudou.
Poesias sãos células,
concretização do abstrato que somos
das cores que criamos para vivenciar o que acreditamos, porque , sempre vagamos,
e as linhas que os poetas preenchem, são somente...poemas que somos.

Reencontro


Naquela simples tarde de domingo você surgiu tornando-a singular,
com o seu semblante apaixonante e intrépidos segredos e medos, 
Meu peito enforcava as palpitações por tamanho receio de me apaixonar sem nem mesmo um beijo.
Sua graciosidade desafiou os mais nobres monumentos
que a partir daquele momento tornou-se frívolo e sem argumentos.
pena que naquele momento em que teus olhos fitaram os meus
roubando algo de mim que já há muito tempo era seu sem,
o universo não pode ser anestesiado da ânsia de prosseguir,
e contentei-me a míseros instantes perto de ti.
Naquela tarde em que as cenas em minha volta tornaram-se preto e branco,
por tão pouca importância,
você reluzia independente de nossa distância e me fez lembrar de inexistentes lembranças.
O universo anunciava, ali, naquele pequeno estúdio de gravação, 
sem a minha permissão, o reencontro de almas que nunca soltaram suas mãos.
te encontrei.

Acho que te conheço!

O que acontece com a gente palavras não imprime,
concreto não possui, detalhes são detalhes,
e o imaginável põe-se a imaginar.
O que assanha nossa carne...
Invade, abafa, é queimada descontrolada, fraqueza de nossas forças,
real , estranho e visceral, sufoca, provoca, encosta, persiste, insiste, some mas não desiste.
É tempestade de emoções!
O que nos desperta é como feras...
é doce como uvas velhas
tem luz, tem fogo,
E eu me perco em sua névoa, nos seus segredos e no imaginar dos seus dedos.
Parece tudo tão complexo, convexo e distante,
mas as almas se enxergam, se cumprimentam se entregam.
Não existe tempo para elas, gêneros, nomes, opções.
Você passa e me arrasta, embora  meu corpo fique no mesmo lugar.
Continuamos a nos cumprimentar, na padaria, na esquina... 
com um simples olá,
como meros estranhos...que somos!


A resposta é infinita.


Fugiu a verdade da humanidade
será?
será que um dia ela existiu, ou ela nunca foi verdade?
será que tudo isso não passa de um ponto de vista único, o reflexo de nossa subjetividade?
será que a mentira compactua com a humanidade?
será que a suspensão da razão não é somente um limite para não ferir a outra metade? ,
verdades escandalosas impostas, não se difere de
bocas que escarnam mentiras cheias de boas propostas.
onde esta o limite?
onde estão todas as respostas?
prefiro me orientar pela sentença de não adentrar o limite do desconhecido,
e ainda sim, sabendo que nada saberei sobre razão.
são as falhas das roupas barata que se mostram.
queremos os vestidos de gala, mas quando desnudamos, continuamos meros corpos nus e insanos.  
Somos roupas em promoções!
remendando-nos nas multidões.
Somos confecções...
costuras e botões.

Qualquer um de nós


Houve dias que queria apenas o abraço de minha cama,
que passaram por mim vontades estranhas,
que tive atitudes momentâneas,
que mostrei uma língua profana.
Houve dias que minhas vísceras doíam,
que me envergonhei de ações minhas,
que chorei por outros dias,
que não queria ver o dia,
que insana parecia,
e o medo em mim, não desistia.
Mas também, houve dias, 
que a perseverança sorria,
que a tristeza me esquecia,
que a vitória renascia, tudo desaparecia e eu ressurgia,
como qualquer ser humano:
cheio erros, acertos e planos.

Os dois lados


Vejo dois países em uma cidade só,
de um lado a dona GANÂNCIA, em nobres traços de bondade
carregando a etiqueta da falsa honestidade,
com seus olhos vistosos e barriga saciada,
dirigindo seu carro importado,
passeando em seu mundo encantado.
Ela ama aplausos e fala de pautas badaladas,
pena que ela só fala!
Ela nasceu no topo e acha essa vista extraordinária. 
Do outro lado o que vejo é o senhor DESCASO, vestindo sonhos e esperanças
dançando na ilusão, tentando com a fé contrariar a decepção.
O cheiro que exala da pista esburacada, Junto com os pés descalços que não atravessam essa vala,
soa como um choro engolido, numa sinfonia angustiante e sem voz,
Porque a força , esta no prato do algoz. 
mas ainda assim,  o DESCASO  sorri e até apoia a  dona GANÂNCIA, 
sem saber que ele é a escada pra sua abundância. 

Palco


Que chova em sua consciência,
para varrer resíduos das palavras de vidro,
das promessas baratas,
das semanas encenadas,
dos segredos ocultos.
Veja o caminho que trilhamos mas tenha cuidado, 
você pode se olhar e ficar assustado.
Nosso castelo era de areia o vento poderia tê-lo levado, 
mas nele, ficamos soterrados.
As palavras vagas ,molduradas, não se moviam, só eram faladas.
De tudo que se foi a um restante presente negado,
somos a foto dos opostos, que queriam lado a lado, o caminho contrário.
Me sobraram perguntas e a ti respostas sem razões.
O toque polidor de noites após noites, me confortará,
e essa dor que parece mais um filme de terror, 
sei que que se transformará quando eu comigo mesma, me reencontrar.
E você que nunca conseguiu me lê, 
desejo que um dia possa se entender.
Mas agora, ainda na ternura da rígida carne,
Treme a cada espetáculo e vibra para ser o centro do palco.

Discordância

                                 
Disfarço os meus gestos e cato os meus restos,
fujo desta discordância.
Atendo ao telefone,
desejo que me encontre porque à noite me consome,
e eu nem sei se vivi ontem e eu nem sei de ontem...
e não me conte!
Até porque não poderia,
pois se soubesse eu também saberia.
É essa ausência tua que anula meus dias!
Uso a noite pra não deixar ela me usar,
ouço Rock e também o mar,
toco mpb, mas não consigo te tocar..
São pequenas coisas
Pequenas coisas que mudam a gente de lugar
O que fizemos com a vida?
E o que ela fez com a gente?
Deixe-me ouvir o ecoar da alvorada que nem posso definir 
porque o tudo ainda é muito pouco perto de ti.
Me responda antes que o amanhã chegue
se chegar!
porque nem sei se ele ainda quer me acompanhar.
Olho-me no espelho e não me reconheço
não sei afirmar se é o meu semblante ou desespero.
Ponho o relógio para badalar
quero acerta os ponteiros
pra não ter mais que esperar
porque te quero hoje.
Pois eu só sei do hoje!

Poesia


Queria ser uma de suas poesias,
para que me lapidasse e me lesse todos os dias.
pra ouvir sua boca pronunciar-me num vaidoso tom de sedução
para que sejas meu  e eu  sua perfeição.
Queria ser uma de suas poesias
pra nascer todos os dias de sentimentos teus...
em versos cantados,
por ti ser cantada,
e por dentre linhas e linhas,
por teus olhos ser admirada.
Queria ser uma de suas poesias
para que decorasse cada parte minha,
pra conhecê-lo na alegria
e o consolar quando ninguém pudesse tal fazer.
Pois, se é de uma amassada folha de rascunho que se nasce um poeta,
Estou aqui, Para que em mim possas nascer.

Inútil guerra

                                
Depois daquela guerra em que os homens não se achavam iguais,
cruzes pediam paz,
e vítimas coloriam os jornais.
Eu já não me achava mais.
E naquele estranho dia que metal chovia,
provocando forte mialgia,
quase me esqueci da perversa mão fria
que engatilhou a hemorragia.
Ali se presenciou o ecoar da dor,
era opaco o sol,
quando o galo cantou.
Flores caiam,
árvores nem frutos mais tinham,
e a terra secou,
como os embriões nos ventres torturados.
Egocêntricas armas,
egocêntricas falhas,
deixem morrer o poder,
deixem o ser .

“pátria amada”


Mãe gentil quem primeiro se concebeu
a pobreza ou a maldade?
Que quebra ossos tão frágeis
de uma constelação raquítica e desesperada
que cultiva na terra a sede de sua manada.
E se há homens de paz
há homens que dela se desfaz
e se há homens de guerra
há homens que morrem nela.
Se tu, mãe, disser que a maldade pariu a pobreza...
quem se espantaria?
se a pobreza é maldosa
e enfeita com roupas rasgadas e pés descalços as cidades
trás fome entre becos 
e alastra a ignorância por todas as partes.
Nossas crianças reprisam esta sentença
e refletem em seus olhares a dor da indiferença.
Oh! Pátria amada
 idolatrada...
Salve!
Salve!
não desejamos a morte nua!
E por quem és amada?
Pela burguesia que a consagra?!
pois para julgar-te amada, deveria nos amar também.
Onde mora o respeito, que não o enxergo?
apenas vejo casas com falsos tetos
ruas governadas por baratas...
apenas vejo essa podre água correr por minha mata.
E todo esse lixo fede...
E todo esse lixo decompõe meu ar.
Se me roubas pátria
o que me sobra, senão, míseras sobras!?

Nada mais além disso

                                                  
Luz do sol,
arco ires encantado,
passos flauta,
mãos acordes d’ piano,
nos teus olhos um esplêndido horizonte por qual me encanto.
canta! Pois ecoa deste boca o sono dos anjos,
canta! Pois ecoa desta boca o remédio dos meus prantos.
Olha só as árvores brincando de fazer estrada com os nossos planos e 
bem a frente uma trilha oceano,
tão profundo...
quanto o sentimento
que em mim acabou de nascer,
mas já transborda.
Tão ouro quanto o sol.

Inversão


Janela com pássaros sem asas,
horizonte apagado.
luz artificial acessa,
céu derramando lagrimas sem tristeza.
Pés sem estradas,
curvo a cabeça, procuro minhas pernas
apresento-as ao chão,
encontro um poço sem fundo.
e uma lápide em homenagem a despedida de minha mocidade.
A vida é um escambo!
um mercado de trocas de interesses,
Que foda!
enlouquecerei por tentar entende-la.
ainda bem que tenho uma caneta.
Existe um lado meu que muito fala em silêncio
e papel é um ótimo psicólogo,
Bem melhor que ombros cretinos de falsos amigos.
O mundo tem uma beleza que não faz escândalos,
Embora algumas atitudes humanas, coloque frente a frente com a morte,
Eu... que nunca tive sorte.



Querubim

                                                         
Olhei-te sim!
um pouco mais, pela última vez.
De tuas asas decorei parte a parte,
para saber apagar de minha mente os detalhes.
Desventurada que sou...
choro de um lado
e riu do devaneio deste amor.
As lágrimas me carregam pra longe,
minhas mãos tremem ao desenhar teu nome.
você parte da minha realidade,
levando contigo de mim uma parte,
e eu sigo pela metade, porque você de tão completo,
nem tem coragem de me devolver o que a ti não faz parte.
Não vá!
não abra a porta ainda,
deixa eu te olhar um pouco mais
deixe-me acalmar minha paz.
silenciar meu grito, abafar meu gemido,
tomar um sonífero, pra não lhe ver sair,
não quero mais uma lembrança ruim dentro de mim.
Adeus querubim!
Tenha um bom despertar.
Não me deseje bons sonhos
pois agora só me restarão pesadelos, delírios e olhos vermelhos.

Pedras

                                      
Triste ver os prédios altos refletirem o suicídio da TV
triste tornou -se o homem que tanto e tanto
em demasia
olha se no espelho
mas não se vê.
Triste os relógios acelerarem os freios
e as palavras  nada contidas
serem mentidas
em disputas vãs.
Deus! Como a passagem tem sido frigida.
A simplicidade mudou-se para uma estrada longínqua. 
agora, tudo parece ser seduzido por um grande vácuo
tão distante... 
para onde nossos pés não podem alcançar.

Bela flor

                                             
Quando a mão de um homem trêmula na face de uma mulher
fazendo escorrer de seus olhos gotas de sândalo entre soluços e engasgos de dor... 
foi porque o mundo, foi porque alguém,
não o ensinou que as pétalas de rosas merecem respeito e isso não é um favor.
Que Deus nos proteja do abusivo amor!
do carinho roxo e das palavras que antecedem as malditas balas,
que todos os dias nos matam.
É preciso devolver a dignidade das rosas,
que em jardins viviam amostras, 
para serem compradas, 
e num jarro de barro morriam decorando, decoradas.
Mulheres são arvores de raízes fortes, 
que ao mundo, oferenda seus frutos.
Eu mulher, 
e o resto do mundo, cansamos de discursos.
Não é auto piedade é equidade,
não é extremismo ou insanidade.
é a luta pela vida da diversidade...
sou um corpo por inteiro 
e não fração de uma costela num ato de bondade.


A música que toca

                           
Minha loucura cheira a Incertezas para outros,
mas respostas necessárias pra mim,
e eu só me descobri, porque me perdi.
Não preciso mais me achar,
já faz algum tempo que consegui me encontrar.
Eu sou, eu sou assim!
camaleoa do inicio ao fim.
Mudanças,
e eu muda, 
mas na dança, 
e se é na incerteza que a vida balança,
eu vou bailar como uma criança,
porque o mundo me ensinou bem,
como se dança.

Mudo miúdo


Parte a parte,
o choro desfigurou-me a face.
Meu ser viu-se um traste,
foi meu pior resgate.
Ele abriu as malas,
fechou os olhos,
calou a voz,
e enterrou a nós.
Eu recordava
em noites de palpitar,
lamentava minutos sagrados,
com o peito miúdo,
e cada vez que esse filme insistia em reprisar
minha alma rasgava.
E assim...
dentro da mala
pus minha fala.

Aos poucos e sempre, lobos.

viramos alvo.
nessa vida de mentiras, quem afaga com verdadeiros sorrisos,
pode cair em armadilhas. 
Ou você devora a vida  
ou os lobos que nela habitam, devoram sua alegria.
“mercantilismo d’ moralismo”!
disto sim o mundo se fortalece.
cheio de prisões de dialéticas,
que nada constroem, só  nos adoecem.
crueldade... virou quadro condecorativo que prova personalidade.
inveja não tem dono nem sono,
quem te abraçou hoje,
amanhã pode reivindicar teu trono.



segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Se foi

                                                                  
Esta indo,
e não posso segurar,
não sei se posso evitar.
Esta indo,
E mesmo assim permanece em mim,
mais forte que nunca,
mais belo que ontem,
mas hoje...
‎terminado!‎
Todo querer bem escorrega dentre meus dedos,
e os suspiros que partem do meu peito,
não vê em seus medos, sentido.
Eu tinha sonhos e sorrisos,
mas agora não vibro.
Soletro palavras malditas,
pela ponte que odeio,
porque suas pernas não atravessam,
e ficam ao vento...
as avessas, as arestas
as promessas...
que temos que aparar.

"Adulta infância"

                                                 
Noites ensolaradas
enquanto almas dormem
e  as crendices ganham vida.
O vento assovia
e eu marco mais um dia na folhinha. 
De dia passeio sozinha em ruas cheias mas vazias
todos são iguais,
todos são tão mais, e eu... só uma filha do desconhecido.
A ingenuidade partiu sem despedida.
Ontem aquela criança era criança. 
hoje ela é yotuber, influencer, 
recebe cache e não se acanha na dança,
ela faz parte da moda e pertence ao instante, 
o dedo no teclado virou a senha do desplante.
O nome infância se tornou lembrança, 
das crianças que como tal agiam e não se constrangiam.
roupas decoradas,
atitudes ensaiadas,
decotes, saltinhos, baladas, 
joguinhos que só levam à ciladas.
um computador em formato de arma, 
com balas que antecedem as palavras,
elas não sabem desenhar o nome mas já são patrocinadas.
E eu que não sou nada, filha do desconhecido,
saiu de fininho para não ser cancelada.