domingo, 27 de setembro de 2020

Resignificada

 

 Entre as mãos, uma cruz,

entre os lábios, seu nome,

entre a realidade e o devaneio... eu,  

que acreditava de forma, devotada, jamais, alguém, novamente amar.

Hoje, tão feliz e radiante, 

agradeço a todo instante 

por sua presença, sorriso, semblante.

É que cada abraço teu, cola em mim pedaços meus.

Seus toques, sussurros, afagos,

escrevem por cima dos velhos estilhaços, 

sobre mim, em mim 

no qual eu renasço.

Você me eterniza nos seus braços e eu 

em minha rimas, rotas, memórias.

Tudo é tão simples e aconchegante.

que nem imaginava que o amor não mendigasse cumplicidade.

Por tanto tempo, eu, que jurava, jamais amar outro alguém,

e sem saber me sentenciava, 

hoje, finalmente acordada,

percebo que de fato, tudo nessa vida passa, 

tudo pode ser uma bela manhã resinificada.

 

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Artigo.

Menino de rua,

vida tão dura.

Não acredita em papai Noel,

muito menos em papai do céu.

Seu pai é uma lenda,

sua mãe uma "quenga",

afinal, a moral não faz moradia em barrigas vazias.

Você parece destinado a morrer,

mas é perceptível sua vontade de sobreviver.

Perante a constituição...

Ora, grande questão essa nossa constituição, ela é uma moça bela, conveniente ao que lhe interessa, suas páginas são rasgadas quando algo desagrada.

Paradoxal constituição sem ação.

E o menino, franzido, sem teto, sem chão...

vai acreditando que alimentação se acha no lixão,

que cultura é fazer do livro papel de embrulho pro "bagulho".

Enfrenta discriminação e exploração.

humilha-se pra alguém o enxergar...

como um ser pensante,

como um ser errante,

como um ser humano.

Nas brechas das janelas dos carros,

ampara as esmolas em mãos,

torcendo para refugiar seu semblante dos “nãos”.

Artigo 227 constituição federativa do Brasil,

você diz que faz,

mas o pobre nunca te viu.

domingo, 13 de setembro de 2020

Da semente... Flor

⁠⁠A sociedade deveria ensinar menos sobre competitividade e mais sobre reciprocidade. 
Me atrevo a pensar que, o homem foi ensinado a ser o lobo do homem, quando, atribuíram a ele, tantas responsabilidades fúteis, além de afunilarem suas possibilidades, em cima de dogmas, burocracias, conceitos e preconceitos, legitimados por uns, naturalizado por alguns, e questionados por ninguém.

domingo, 6 de setembro de 2020

Liberta de mim mesma.

Eu, fulana de tal, que não estou acima do bem nem do mal, 

vou seguindo os dias como simples e mera mortal, 

mas, se eu puder ao universo um pedido fazer... 

só quero que ele transborde luz por essa estrada que a gente ainda tem que percorrer.

Afinal... o que nos somos senão meros instantes!?

Ao passo que envelheço desmereço a sanidade,

ela não me trás mais felicidade.

Parece o contrário da obviedade de tudo que aprendi,

a busca por certezas, razões e estimas, estava no topo da lista.

Agora que compreendi o breve instante no qual residimos e insistimos eternidade, 

em meio a uma constelação absoluta e inconstante, 

me guio somente nos pequenos deslizes da paz.

É a liberdade que tanto ouvia falar... de mim mesma.



terça-feira, 1 de setembro de 2020

Sábio Tempo


Olhando-me no espelho, 

percebo que além dos fios brancos, muito mais em mim mudou:

Não corro mais,

paradas são edificantes;

Minha voz adormece em frequências constantes,

e a paz me acena em meio ao silêncio contagiante.

Não espero mais nada de ninguém,

pois só damos o que de fato a gente tem.

Não quero o mundo!

somente mais alguns momentos profundos.

Não desenho mais o futuro!

Hoje, eu, filha do presente, mais feliz que antigamente, 

aprendi que é preciso abaixar para ser grande,

mas nunca se curvar diante dos obstáculos da vida, nem dos pseudos nem dos pedantes. 

Desajustada poeta que moldou -se, 

mudou, se mudou e a vida resinificou,

de tudo que se foi, de tudo que ficou...

a pontual gargalhada continuou.