sábado, 31 de outubro de 2020

João e Maria

Abandonado com frio e fome ,

 João aprendeu que não poderia confiar no homem.

Cresceu jogando bola, pedindo esmola,

 dormia no chão, catava no lixo a alimentação.

Ele não tinha reflexo na poça do chão.

Se tornou invisível depois que nasceu e foi abandonado,

 se sentia um preso, condenado a miséria, sem ser julgado.

Aos 19 anos, conheceu Maria,

Menina franzina porque vivia de barriga vazia.

Não teve a vida muito distinta de João, vendia o corpo pra ter aumenos uma refeição. 

Eles estavam exaustos de não terem faces, dignidade, educação. 

Sabiam que de estômagos fartos, pregariam a moral e os bons costumes que assistiam na televisão. 

 Ficavam pasmos com a TV da loja, enfrente aos amontoados de papelão, que os abraçavam nas noites e dias de solidão. 

Queriam aquele mundo também, 

queriam ter nomes e os princípios de homens de bem.

Princípios mais barulhentos que  os estrondos da fome.

Por isso, decidiram ariscar alto,

 foi tudo bem orquestrado, 

o plano, era o banco ao lado. 

Nada a perder, nada a segurar nos braços.

Mas no fim...

deu tudo errado.

Sabe-se lá se o errado, não era de fato o verdadeiro plano arquitetado.

Mortos por fuzis socialmente alimentados, freneticamente disparados.

2 balas pra Maria, 

5 pra João. 

Corpos estendidos no chão.

eles não existem mais!

Mas, pra quem nunca existiu...

que diferença faz?

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