quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Eu não sabia da despedida.

Se eu soubesse que aquele seria o último dia, 

não teria te deixado fugir dos meus olhos nem por um minuto, 

lhe abraçaria como se fosse o último segundo de suspiro do mundo. 

Teria mudado tudo,

mudado tudo para que esse dia fosse único,

e não o último.

A verdade é que nem tudo seguramos pelos punhos, 

tem coisas que mesmo sendo belas viram rascunhos. 

saiu do rumo,

Tremi nas pernas

Perdi o prumo.

Se eu soubesse que não existiria o depois, 

teria vivido o presente de forma mais que intensamente,

Com mais alma e menos... "depende".

Se eu soubesse...

Se soubesse que o amanhã era uma falsa nota de garantia,

teria eternizado cada, detalhe, afago, mania,

mas agora, só sobraram  meus lamentos em censuradas  linhas.

Eu poeta,

Você poesia.

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Estocolmo


Olha de frente, pra frente do espelho,

olha de frente, pra o que carrega nas veias e abre teu peito,

põe tua história e a nossa História.

Olha de frente pra quem te pariu e se assume,

filho do colonialismo, filho do Brasil!

latino americano, fruto de estupros e explorações,

e ainda assim, bajula quem enriqueceu com seus antepassados e privou as outras gerações.

Olha pra frente,

mas pisa no chão,

e enxerga essas flores e sementes, nascidas das filhas dos solos quentes, abortadas da mãe África e despidas num navio até se tornarem a carne mais barata do Brasil.

Pensa também na outra metade da sua ancestralidade, 

levadas de suas aldeias, envenenadas catequizadas, escravizadas. 

Para de balbuciar que seu avô, bisavô, tataravô, ou sabe lá quem, veio como imigrante para aqui fazer prosperar o bem.

Para de se esconder no seu fenótipo branco. 

Se sente exceção, 

põe o dedo nos nossos rostos e se acha no direito de nos dá, todos os dias, um "mata leão".

Para de achar que você é essa droga de exceção!

Sua cor engana, 

mas, sua origem... não!

Latino americano, 

filho da colonização, 

do estupro e da exploração.

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Me deixem só falar das rosas

Eu queria somente falar sobre as rosas, 

mas os espinhos estão aparentes e é inevitável não lembrarmos que precisamos apara-los pra não machucar ninguém, 

porque nem tudo se resumes as flores, mas:

a terra, raiz, caule e espinhos também.

Eu não queria ter que falar de conceitos, preconceitos,

que medem e moldam a gente, 

é que infelizmente a hipocrisia também mata diariamente.

Bagunço meu tédio constantemente,

pra ter certeza que não me tornei uma maquete que repete incansavelmente.

Eu queria falar somente das rosas, 

mas, se eu me calar, 

vou concordar, 

ainda que, nem sempre quem cala consente, 

se eu me calar, 

vou observar estaticamente,

o germinar de quem com espinhos numa mãos mata e com a outra,

finge que afaga a gente.

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Quem se importa?

 A vida é assim meu amigo...

das pessoas maldosas, ambiciosas, 

porque se fosse o inverso dessa sentença,

não existiria tantos "demônios" em forma "anjos, arcanjos."

Eles raptam a verdade, 

o pão, o sono, os sonhos 

e a esperança do final da tarde, de quem vive a margem, tentando fazer parte do que nunca foi encaixe.

A vida é assim amigo...

cobiça não tem sono nem dono.

se você estiver no meio de um redemoinho e imaginarem que tem forças pra se levantar, 

não espere muito, além de pessoas que vão tentar te derrubar.

A vida é assim!

Te empurram da calçada e indagam:

- Tá cego?

Talvez essa pergunta em afirmação fosse a resposta e a solução, 

para um mundo que caiu na depressão e evoluiu pra esquizofrenia de egos nas mãos.

Mas...

Quem se importa, né!?

E aí, tá on?